12.17.2012

Quando(.)(?)(!)


de elton galdino e yuri barros
ft luana peixe


O quando horizonte precário encantador no qual não posso tocar me atinge a vista. Ativa a consciência. A inconsciência. O racional e o delírio. Linhas de fuga diversas convergem e divergem nos rascunhos da memória. Atravessam a imaginação. Deságuam no futuro. No futuro que não chega. Refém de um tempo que não passa nunca porque passa sempre¹. O quando nunca chega. É a representação de um horizonte decadente do qual a humanidade retrograda não consegue se desprender para viver o agora. E agora? José. Não! Elton. Yuri. Eu. Seguirei falando até quando não mais poder. Até aquele momento no qual estarei mudo e mais nada². Quando a crítica de arte abdicar de sua enorme pretensão e prepotência, há de pousar sobre nós a leveza das bacantes. Afogaremos o mau humor na suave embriagez dionísica, e talvez, quem sabe, absorveremos a crítica como um complemento que não fecha estrutura alguma, mas adiciona, na formula deleuziana do e... e... e... onde cada ponto de vista cria apenas mais um desdobramento possível. Todos os desdobramentos são válidos, desde que sejam verdadeiros, comprometidos com a verdade, ou com a mentira, se for este o caso. A mentira é acreditar que esperar pelo quando é acertar o passo ao paraíso! A verdade é a relação estética com o mundo, e para além disso, todas os contornos são incertos e ao mesmo tempo legítimos. Todas as falas são válidas. O que é arte o que não é pouco importa. Quando a humanidade abdicar da pretensiosa tarefa de descobrir e disseminar a verdade na cabeça dos homens, teremos dado um passo para o fim das estruturas hierarquizadas de poder. A arte tem esse poder destrutivo justamente por ser inapreensível. Por inventar o modo de fazer no próprio processo de feitura³, por ser a obra uma mensagem estética, portanto aberta, de reverberações singulares em cada individuo-múltiplo. Como cientifizar isso? Como extrair uma verdade de uma relação desse tipo? A única verdade é a matéria decadente, a apropriação de materiais residuais, como se de alguma maneira os que falam através do quando antecipassem o apocalipse para o qual caminhamos de mãos dadas, ou melhor, atadas, comprando, vendendo, competindo, destruindo e gozando, com objetos fetichizados cujo valor é extraído ao longo de um processo predatório, ambiental e humano. Como se os que falam através do quando, soubessem que no futuro não muito distante as sucatas serão os objetos de fetiche. De fetiche ou de necessidade, caso o fetiche tenha desaparecido desse plano restando apenas a sobrevivência. Esse quando precário projetado ao mesmo tempo sobre os meus olhos e imaginação me eleva, me suspende para outro tempo. Tempo estético. Duração. Pessoal. Indivisível. Qualitativa. Esse quando que interfere no espaço vago, de uma instituição fraca e morna, que repele o próprio pensar, tem um pouco do que toda arte deveria ter: terrorismo. Confronto!

14.11.2012 hug nasc

txt entregue a disciplina de Teoria e Crítica de arte, ministrada pelo Prof Doutor Luizan Pinheiro


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