1.29.2011

... da série Contra Aparelho



Sem Titulo(s)
Técnica: Sobreposição em 35mm
Ano: 2010

A série “Contra Aparelho” se funda no entendimento do fotografar como um jogo entre fotografo e aparelho, no qual, o primeiro se esforça em esgotar o programa interno do segundo, ou seja, suas virtualidades, enquanto o segundo vai, a partir do uso do primeiro, compondo o que chamamos de universo fotográfico. ´

Cabe aqui, antes de nos aprofundarmos na questão, estabelecer as devidas diferenças entre instrumento e aparelho. Instrumentos são prolongações do corpo e sãs descobertos de maneira fundamentalmente empírica, aparelhos surgem a partir de teorias cientificas, o estar programado é que os caracteriza, e é nesse programa interno que se funda o jogo.

Aparelho aqui é o aparelho fotográfico, especificamente uma câmera analógica Zenit modelo DF-300 de fabricação soviética, provavelmente produzida na década de oitenta, portanto, as três fotografias aqui apresentadas se encontram originalmente em um rolo de negativo de 24 quadros de ISO 100. Ora, todos esses dados fazem parte do jogo, eles determinam movimentações, procedimentos e até regras se levarmos em consideração que tais dados impõem limites a produção, e são esses limites que neste trabalho tentam ser transgredidos.

Histórico do jogo:

A câmera foi ajustada como de práxis (logo o fotômetro me indicava qual a melhor velocidade para a abertura que estava utilizando); fotografei com a metade da velocidade indicada; passei o negativo na manivela a direita; fiz outra fotografia da mesma maneira; e outra; girei quatro ou cinco vezes a manivela a esquerda (assim, rebobinei o negativo); fotografei novamente; e de novo; e de novo...

Aí está, o processo em texto, o resultado em imagem.

Joguei contra. Fugi dos 24 quadros pré estabelecidos na programação, no lugar de uma imagem, tenho uma sobre a outra, em sobreposições que formam uma escala sem interrupções, não se trata de uma imagem final, e sim de uma imagem meio, possivelmente o mais próximo que se pode chegar do rizoma deleuziano em fotografia. Fujo dos 24 quadros e fujo da representação fechada.

Para Flusser, isso pode ser apenas mais um dos resultados possíveis do aparelho, mesmo se for, ainda assim estaríamos de frente com um signo de referentes múltiplos (para citar a semiótica), um signo indeterminado, uma imagem inominável. Sem titulo.

Três das fotografias acima participaram da XIX Mostra de Arte Primeiros Passos realizada pelo Centro Cultural Brasil Estados Unidos, CCBEU em dezembro de 2010

Para ver mais - www.flickr.com/photos/14486460@n06/

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