5.20.2011

Quem Matou? Quem Morreu? Quem Colou?

... a Violência como Plano de Fundo





Em 69, Arthur Barrio, defendia em manifesto a utilização de materiais baratos em contraposição as produções do sistema de arte oficial, estabelecido a partir de interesses econômicos, logo, centralizado nos Estados Unidos e na Europa. Como Barrio, o cenário que me cerca, que cerco, que respiro, é o terceiro mundo, especificamente Belém do Pará, cidade a margem do processo da globalização, onde se convive com todos os problemas das grandes metrópoles sem usufruir de suas pseudo vantagens.


Qual a saída para uma arte que se pretende para o mundo, e não mais para o mercado, que tem como alvo não mais o público intelectualizado, mas o povo, o todo? Como criar um discurso com volume e impacto social quando os recursos necessários para uma emissão amplificada são escassos?


Como Barrio, Hélio, Glauber, dentre outros, (re)visito essas perguntas. Para a primeira, minha resposta é a rua. Para a segunda, a xerox.


Evoco o medo, essa patologia coletiva, que, seja pela violenta verdade ou pelo sensacionalismo dos meios de comunicação, se instalou e assombra a cidade. Coloco a violência da rua na rua, no horizonte da cidade, para que todos vejam aquilo que todos sentem. Retiro a fotografia do espaço hermético das galerias, da parede do burguês, e a coloco na textura da cidade, na parede dos transeuntes, chego ao povo e democratizo a experiência estética.


A Xerox é a caixa amplificada do discurso. Do auto-retrato digital, retalho a imagem em vinte folhas de a4, e alcanço dimensões reais dentro das possibilidades do bidimensional a um preço que não prejudica meu aluguel, assim, posso multiplicar meus pontos de inserção. A repetição do gesto (colagem) aumenta o volume da fala e a potência da obra.


É um homicídio. É uma contravenção. Um corpo iluminado assassinado em uma noite escura. O corpo é (m)eu. Que cola, que fala e se marginaliza a partir do falar. Quem sabe numa dessas madrugadas de colagens levo mesmo um tiro. Seria “o cumulo da metalinguagem”, o início e o fim da minha arte-vida.





para ver mais - http://www.flickr.com/photos/14486460@N06/sets/72157626612969259/

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